Este trabalho, desenvolvido por Eduardo Veríssimo Chaves, entre 2005 e 2006,propôs-se a avaliar a importância cultural das mulheres atrizes na região do ABC Paulista, num período de efervescência cultural, em que as mulheres começaram a libertar-se da educação cerceadora, assumindo trabalho em fábricas ou em outros setores. A metodologia utilizsda foi a da história oral de vida, em que a memória é concebida tanto no seu sentido individual ou coletivo, relacionando-a às lembranças dessas mulheres. O recorte temporal envolveu a atuação de mulheres atrizes no teatro, no período de 1965 a 1985. Quando se fala de uma sociedade como a do ABC Paulista, marcada como pólo industrial automobilístico e de grande expansão nas décadas de 1950 e 1960, não se pode deixar de lado questões como política, economia, infra-estrutura, organização, trabalho e arte. A inserção da mulher no mundo do trabalho entre 1965 e 1985, nessa região, destacou-se por um quadro de discriminação e submissão. Nas artes, por sua vez, a mulher ampliou seu espaço, participando de atividades culturais, grupos e escolas de arte. Com um ideal forte e revolucionário de fazer teatro para expressar um sentimento libertador, as mulheres atrizes ignoram os costumes familiares, ultrapassando as tradições, permitindo que seus sonhos as levassem em busca do reconhecimento e de novas oportunidades. Retratar a trajetória de vida dessas atrizes é importante para que se conheça um trabalho artístico expressivo que elevou a mulher, dando-lhe a importância da sua dimensão social, tanto com o trabalho realizado em casa, quanto na indústria ou em escolas. Analisar os preconceitos sociais pelos quais essas mulheres passaram e a importância da escolha de ser atriz no Grande ABC, numa postura de rompimento com os valores da sociedade época, direcionou esta pesquisa.