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HiperMemo - Acervo Multimídia de Memórias do ABC da Universidade IMES

DEPOENTE

Cláudio Feldman

  • Nome: Cláudio Feldman
  • Gênero: Masculino
  • Data de Nascimento: 29/08/1944
  • Nacionalidade: 23
  • Naturalidade: Bauru (SP)
  • Profissão: Professor

Biografia

Cláudio Feldman é  professor deLíngua Portuguesa por 30 anos, é escritor (autor de cerca de 40 livros) e editor do jornal  alternativo a Taturana, em Santo André, entre 1979 e 1993. Escreveu peças de teatro e atuou em filmes do seu pai, cineasta, Aron Feldman



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Transcrição do depoimento de Cláudio Feldman em 06/07/2005

Depoimento de CLAÚDIO FELDMAN, 60 anos.

Universidade Municipal de São Caetano do Sul, 06 de julho de 2005.

Núcleo de Pesquisas Memórias do ABC 

Entrevistadores: Vilma Lemos e Olga de Fávaro.

Transcritores: Meyri Pincerato, Marisa Pincerato e Márcio Pincerato.

 

Pergunta: Cláudio, você está aqui pela segunda vez e agora nós vamos fazer algumas perguntas mais direcionadas, uma vez que você já nos contou onde e quando nasceu. De qualquer forma é bom refrisar isso. Local e data de nascimento.

 

Resposta:

Bauru, em 29 de agosto de 1944.

 

Pergunta: Nós estamos interessados em alguns aspectos de jornais. O que você pode nos contar desse aspecto, ligado ao Jornal Taturana e outros para os quais você dedicou seu tempo?

 

Resposta:

Quando comecei a escrever mandava colaborações para vários jornais. Era uma coisa muito imatura que não tinha muito nível. E com o tempo eu fui aperfeiçoando a minha literatura e eu tinha uma vontade muito grande de fazer meu próprio jornal, mas não aparecia a oportunidade. Em 1977, numa Feira do Livro de Santo André, eu acabei conhecendo, estava lançando um livro chamado Esquivo Silêncio, e conheci o cartunista Moacir Torres, que estava lançando uma revistinha chamada Nossa Turma, que ele tinha editado no ano anterior, mas estava lançando naquele ano. Tenho até a data, porque tenho a dedicatória, que é 19 de março de 1977. E a gente pegou uma amizade muito grande, começamos a trocar idéias e nós resolvemos abrir uma editora em Santo André. A gente não sabia o nome que a gente ia dar para a editora, então apareceram vários nomes, a gente ficou vários dias quebrando a cabeça e um dia o Moacir Torres foi em casa e nós sentamos nos degraus do jardinzinho da minha casa e de repente passa no jardim uma taturana. Falei: Vamos colocar o nome na editora de Editora Taturana. Taturana ou pode ser outra coisa, mas a gente não consegue achar um nome, vamos colocar Taturana. Não existe coisa mais ridícula do que isso. Falei que a maior editora de livros em língua inglesa é a Penguin Book, Editora Pingüim. Quer coisa mais ridícula do que esse bicho, que parece um garçom? Mais ridículo que pingüim não existe. O Moacir Torres não quis, a gente ficou vários dias discutindo e no fim a gente resolveu colocar Editora Taturana. Como a gente estava com esse nome, vamos começar por um livro que seja de humor, para o pessoal levar na brincadeira o nome da editora. Primeiro livro que nós editamos pela Taturana foi O Rapto da Mulher Barbada, um livro de minha autoria, de humor, onde justamente a gente está tratando de jornal e esse livro é de notícias inventadas de jornal. Eu fiquei um ano pesquisando jornais antigos na Biblioteca Mário de Andrade, na seção de raridades, vendo jornais antigos, de 1990 até 1970 e pouco. Eu pegava notícias de jornal que tinham acontecido e transfigurava. Pegava a parte mais pitoresca. Acabei escrevendo esse livro, que são notícias inventadas de jornal e lancei esse livro na Bienal do Livro de 1978. Esse livro conseguiu uma vendagem e uma repercussão que a gente ficou até espantado, porque naquela época a Bienal do Livro era durante um mês. Nessa época eu já era professor e eu tirei um mês de licença-prêmio, que era de três meses, para poder ficar movimentando meu livro na Bienal. Eu ia todo dia lá. Nós tivemos uma tiragem de três mil exemplares, e eu ia todos os dias e com essa brincadeira toda eu acabei esgotando a edição do livro. E uma parte a gente mandou para críticos depois que a Bienal acabou, alguns exemplares que sobraram, vendemos alguns, e esse livro teve uma repercussão muito grande. Só para dar dois exemplos, o primeiro foi que o escritor Assis Brasil, que é um crítico literário do Rio de Janeiro, também autor de literatura infantil, publicou o Dicionário Prático da Literatura Brasileira, editado pela Edições de Ouro, que era vendido até em bancas de jornal, e teve uma tiragem de trinta ou quarenta mil exemplares, uma coisa de louco, e saiu uma página inteira do Dicionário com o retrato da capa de O Rapto da Mulher Barbada. Era um livro que era usado por universitários, professores de literatura. Essa foi uma das coisas. A outra coisa é que saiu um artigo no Jornal do Crítico, falando que eu era o novo Stanislaw Ponte-Preta, que era o Sérgio Porto, que tinha esse pseudônimo, e fazia o Festival de Besteiras. E isso firmou o nome da Editora Taturana e no ano seguinte eu falei para o Moacir que a gente já tinha feito esse livro, o Moacir também tinha lançado uma revista em quadrinhos dele chamada Gabi e Seus Amigos, e falei para fazermos um jornal alternativo. Nós resolvemos, e em novembro de 1979 lançamos o Jornal da Taturana. Era um jornal paupérrimo. Eu tinha feito muito dinheiro com a Mulher Barbada, mas já estava pensando em editar outro livro, estava guardando dinheiro, então a gente fez uma edição bem podre do jornal. No primeiro número do jornal, na capa a gente fazia uma sátira do Maluf. Ele tinha prometido que ia encontrar petróleo em São Paulo e nessa mesma época ele foi fazer um recital de piano. Então a gente colocou uma charge no número 1 do jornal, que era o Maluf tocando piano, com aquele jeito bem grosseiro dele, e espirrava petróleo de dentro do piano. Já inauguramos o jornal na base da sátira. Tinha textos de humor, satíricos e também uma parte do Moacir que falava de histórias em quadrinhos. Ele mexia com história em quadrinhos e ele tinha muito contato com esse pessoal e uma parte do jornal era só para quadrinhos.

 

Pergunta: Essa charge era do Moacir Torres?

 

Resposta:

Sim. No segundo número a gente fez uma sátira também com o Maluf, porque ele era o Governador do Estado. A gente fazia, os dois primeiros números eram mais de sátira, de poemas humorísticos e coisas de quadrinhos. Esses dois primeiros números tinham apenas quatro páginas. Eles são pessimamente feitos, num material bem grosseiro.

 

Pergunta: Quando saíram as duas edições?

 

Resposta:

O primeiro saiu em novembro de 1979 e o segundo já era fevereiro. A gente fazia uma média entre trimestral e quadrimestral, nesses 14 anos que durou o jornal.

 

Pergunta: Como vocês montavam esse jornal? Era artesanalmente? Como era feito?

 

Resposta:

O primeiro e o segundo números foram meio relaxados. O Moacir fazia composição e diagramação, mas meio sem recursos, quase que na mão mesmo. A partir do terceiro número, quando o jornal foi para oito páginas e a gente começou a levar a sério, a gente viu que aquela porcaria dos dois primeiros números estava repercutindo, dando em alguma coisa, apesar de ruim daquele jeito, a gente resolveu fazer o número três com uma capa boa.

 

Pergunta: Quantos números vocês fizeram desse primeiro exemplar?

 

Resposta:

A tiragem? Nós começamos, os dois primeiros, mas eu dei um fora com vocês, porque o número dois já tinha oito páginas, mas eram muito mal feitas. O primeiro e o segundo número foram mil exemplares, do terceiro até o número sessenta e quatro que foi o último, onde a gente fez uma ambiciosa tiragem de três mil exemplares, que não era brincadeira. Nós fomos numa gráfica. Existia a Studio Press e a Multi Press. Nessas duas, uma firma fazia a composição e diagramação e a outra imprimia. A gente imprimiu muito também, porque não tínhamos gráfica própria, na Catedrática, que era uma gráfica que era em frente ao Curso Singular, na Álvares de Azevedo, em Santo André. A Catedrática, em troca do anúncio que eles colocava, imprimia o jornal. As outras também, pelo anúncio, faziam tudo de graça.

 

Pergunta: Como era feita a distribuição do jornal? Quem comprava?

 

Resposta:

No começo a gente mandava para escritores no Brasil todo, pessoal que fazia história em quadrinhos, divulgava na região tudo de mão em mão. Depois de uma certa época, a gente começou a expandir o jornal, ele começou a ficar famoso, saía muita divulgação, e nós começamos a arrumar assinantes. Nós chegamos a ter muitos assinantes, até fora do Brasil. A gente tinha assinantes na América Latina, no Japão, nos Estados Unidos, na Itália. Eram pessoas, muitas vezes os próprios brasileiros que viviam no estrangeiro. Era um jornal pequeno, um tablóide, mas ele era muito bem divulgado. A gente tinha três mil exemplares, mas tínhamos assinantes, às vezes eu mesmo vendia. Pegava um punhado de jornais e ia ao Centro Cultural Vergueiro para vender, vendia no MASP para turistas do Brasil todo. O jornal acabava circulando no Brasil todo de uma maneira indireta. São Paulo é uma cidade turística e o que você vende para turistas acaba se espalhando e indo para qualquer canto divulgando, ou ia parar no estrangeiro. Às vezes vinham publicações do estrangeiro para a gente divulgar no jornal e a gente nem conhecia essas pessoas.

 

Pergunta: E quanto custava esse jornal?

 

Resposta:

Tinha uma época em que a gente vendia por três cruzeiros.

 

Pergunta: Dava para comprar o quê?

 

Resposta:

Acho que era quase o preço de um jornal. Claro que tinha gente que reclamava que pagava três cruzeiros por um jornal e esse tablóide? Eu falava que era um jornal cultural e não tinha recursos. A pessoa comprava para dar uma força para o jornal continuar a circular.

 

Pergunta: E os universitários compravam?

 

Resposta:

Sim. A gente tinha assinantes que eram universitários. A gente ia até a USP, em várias universidades, mandava para fora.

 

Pergunta: E no ABC?

 

Resposta:

No ABC tinha muita gente que ficava conhecendo o jornal. A gente vendeu no Teatro Municipal de Santo André, passava por um monte de gente. Acabava circulando. No ABC era muito bem distribuído.

 

Pergunta: E nos diretórios acadêmicos?

 

Resposta:

Também o pessoal comprava. A gente ia às escolas. Era muito bem divulgado no Brasil todo e até fora. Na Espanha não sei como descobriram a gente, mas eles mandavam livros e jornais alternativos ou não, e a gente divulgava os jornais. Na Itália, Estados Unidos, Inglaterra, França, Portugal. Em Portugal então, a gente tinha assinantes que mandavam para outros jornais.

 

Pergunta: Vocês recebiam cartas?

 

Resposta:

Eram caixas e mais caixas de cartas, de publicações, de livros. Para vocês verem, Editora Abril publicava monografias. Saía Álvares de Azevedo, não sei o que, não lembro como chamava aquela coleção, mas um dos números era sobre a literatura alternativa, marginal, e citavam o Jornal Taturana entre aqueles que tinham mais repercussão. O jornal A Tarde, da Bahia, todos os números do nosso jornal saíam com o maior destaque. À frente do jornal saía lá, a gente saía no Suplemento Literário de Minas Gerais, na Paraíba, O Globo, Jornal do Brasil, Estadão. Não tem um jornal grande que também não tenha saído divulgação.

 

Pergunta: E teve muita participação dos escritores?

 

Resposta:

Em média o jornal dava mais espaço aos autores novos, que não tinham muita chance na grande imprensa, aos alternativos. Naquela época você falar em poesia marginal era difícil. A gente divulgou um monte de gente que praticamente começou ali. Tinha uma escritora de Assis, chamada Vera Lúcia de Oliveira, que era uma mocinha naquela época e ela me mandou os primeiros textos dela. Agora ela é professora catedrática de literatura brasileira numa universidade da Itália. Ela publica os livros em português e italiano, é super importante na Itália, foi assistente de um grande escritor italiano. Outro que começou com a gente, os primeiros textos que ele publicou, foi o Marçal Aquino, que agora é roteirista de cinema, escreveu O Invasor, escreve livros de contos, ganhou Bienal Nestlé e é muito famoso por causa do cinema. Outra é a Leila Lícolis, que é uma escritora que é assistente de Glória Peres e toda novela que a Glória Peres faz, ela ajuda, co-escreve. Aquela Kananga do Japão foi ela que escreveu, e várias outras. Poetas, contistas. Divulgamos muita gente que agora está em circulação, só para dar alguns exemplos.

 

Pergunta: Esse pessoal que lia no exterior o seu jornal, o jornal era todo em português?

 

Resposta:

Sim.

 

Pergunta: Então possivelmente eram leitores...?

 

Resposta:

Possivelmente brasileiros. Vou dar um exemplo. Tinha uma senhora mineira chamada Tereza Pereira, que é uma escritora que foi fazer mestrado em literatura americana nos Estados Unidos e acabou ficando por lá e se tornou praticamente embaixadora da literatura brasileira nos Estados Unidos. Eles a chamam de Terezica Pereira. Ela divulga autores brasileiros nos Estados Unidos. Ela foi uma pessoa para a qual a gente mandou o jornal e ela fez uma divulgação maciça nas universidades americanas, porque o pessoal estuda português e espanhol. Têm americanos que, por incrível que pareça, estudam português e espanhol lá. E não são latinos, mas americanos que estudam. Assim como a gente estuda espanhol e inglês aqui, eles estudam português lá. Ela é professora de português e espanhol para americanos. Essa professora expandiu, de tal maneira, o jornal, que vieram pedidos de universidades americanas e a gente mandava o jornal, saía em todos os lugares e o pessoal divulgava a gente. Tem o outro lado também. A gente divulgava muita gente, mas também éramos divulgados. Foram divulgados no mundo inteiro. Textos meus e desenhos do Moacir correram o mundo nesses 14 anos do jornal porque o pessoal também divulgava a gente. Sei que nos Estados Unidos o jornal também era muito conhecido, até por quem não era brasileiro. A filha do Drummont, Julieta Drummont, era da Embaixada do Brasil em Buenos Aires e nós mandamos o jornal para ela e ela colocou no mural da embaixada e apareceu o interesse de várias pessoas da Argentina, de Buenos Aires. Sei que era uma bola de neve. A Casa de Las Américas, de Cuba, também a gente mandava o jornal e eles divulgavam. A Espanha. Um jornalzinho de Santo André para o mundo.

 

Pergunta: Conte aquela história do Gaiarsa.

 

Resposta:

A gente colocou o título da editora e por tabela no jornal... Taturana é uma coisa aleatória porque apareceu uma taturana e a gente colocou. A gente mandou o jornal para o Otaviano Gaiarsa, infelizmente falecido há poucos dias, uma grande figura, um historiador e pessoa de grande qualidade, e quando mandei o jornal para ele, ele escreveu uma carta, que até colocamos no jornal, que dizia que a taturana era daquele jeito, pequena, humilde e feita em Santo André, mas o jornal era uma promessa de borboleta e ainda ia sair voando muito por aí. Foi uma frase muito bonita.

 

Pergunta: E por que vocês criaram um jornal alternativo, além de manifestar seus sentimentos e dar oportunidade a outros? Que dificuldades vocês tiveram?

 

Resposta:

A dificuldade que a gente tinha, você sabe que os jornais alternativos têm uma dificuldade, que a gente acabou driblando, que era a distribuição. Mas a gente mandava pelo correio, entregava pessoalmente, dava um jeito. A gente ia à Bienal do Livro, tinha a Bienal Nestlé nessa época, em feiras do livro. A gente acabava encontrando escritores e autores do Brasil todo, a gente passava o jornal. Acabava circulando de uma maneira esquisita, mas circulava no Brasil todo. Outra dificuldade que a gente tinha, mas que a gente sempre conseguia dar um jeito, muitas vezes é que, naquele determinado momento, a gente não tinha dinheiro para fazer um novo número. Apesar de ter assinantes e tudo mais, o assinante já mandava a assinatura anual de uma vez e a gente pegava aquele dinheiro e guardava para fazer aquele número. Depois chegava no outro mês e o dinheiro da assinatura já tinha sido consumido para fazer o jornal anterior. Claro que a gente vendia e fazia um monte de coisas, às vezes recebíamos apoio. A gente não queria se tornar um jornal comercial, porque às vezes você recebia cartas de escritores dizendo que mandavam o livro que tinham lançado agora, se você ficar, uma boa divulgação, com um clichê, a gente te paga. A gente não queria virar um jornal atrelado ao comércio. A gente divulgava gratuitamente os autores, mas não dávamos atenção àquele lá só porque estava pagando. A gente procurava não ficar amarrado ao dinheiro e a gente dava um jeito. Eu também publicava livros, porque a Taturana acabou virando editora, sem gráfica própria, mas... Às vezes o meu próprio livro que eu vendia ajudava a arrecadar dinheiro para o jornal. Às vezes o Moacir Torres também contribuía.

 

Pergunta: E vocês pararam de publicar o jornal?

 

Resposta:

A gente chegou a parar duas vezes o jornal, mas não por muito tempo. A gente até colocou, no que a gente achava que ia ser o último número, colocamos O Enterro da Taturana. Então, mostrava o caixão da taturana, transparente, com a taturana morta dentro e outras duas taturanas levando o caixão, fazendo snif, snif e caindo as lágrimas. Colocamos assim: Pressionados pelos problemas econômicos. Aquelas mudanças econômicas que o governo fazia prejudicavam muito, porque mexiam com o custo do papel. Pressionados pelas dificuldades econômicas estamos fechando o jornal. Se vocês não querem que isso aconteça, mandem uma contribuição. A gente chegou a parar por algum tempo, mas o pessoal mandava dinheiro para ajudar, faziam assinaturas e a gente acabou voltando. Mas chegamos a parar, uma vez meio ano e outra vez uns três meses. Mas não foi mais que isso.

 

Pergunta: Seus familiares ajudavam?

 

Resposta:

Meu pai me dava muito incentivo. Teve uma ou outra vez que meu pai me ajudava com dinheiro. Um dos motivos do jornal ter fechado foi também o falecimento dele. Disso eu falo mais adiante.

 

Pergunta: E esse jornal incentivou a publicação regional?

 

Resposta:

Incentivou. O jornal incentivou publicações regionais, não só como A Cigarra, porque a Jurema, não sei se vocês chegaram a ficar sabendo disso, mas eu que lancei a Jurema. A Editora Taturana que publicou o primeiro livro dela, junto com o José Maria do Nascimento. A Jurema tinha muita influência minha na época. Acredito que ela fez A Cigarra inspirada em A Taturana. É tudo inseto. Mas também outras publicações. Tem um jornal de Minas Gerais, chamado A Maçaneta, que o cara mandou uma carta falando que tinha sido inspirado pelo nosso jornal. Acho que a gente deu muita força a muita gente fazer outras publicações alternativas. Teve um camarada da Bahia que abriu um jornal e editora, chamados Égua Sorta. Ele falava que queria fazer um jornal como o nosso, mas não sabia como fazer. Mandei uma carta explicando como fazer, ele acabou fazendo o jornalzinho dele, que virou uma editora na Bahia. A gente incentivava o pessoal a fazer publicações alternativas.

 

Pergunta: Vocês publicavam edições especiais, ensaios?

 

Resposta:

Nós chegamos a fazer algumas edições especiais, inclusive uma muito importante para a região, que foi uma edição só com autores do Grande ABC. Fiz uma pesquisa com todos os autores do Grande ABC que conhecia. Eu fiz uma pesquisa, coloquei um verbete para cada um. Nesse número o Moacir colocou histórias em quadrinhos de quem fazia cartuns na região. Fizemos um especial sobre o Grande ABC, que inclusive foi patrocinada pelo Bazar Augusto, que era na (Rua) Senador Fláquer.

 

Pergunta: Quando foi?

 

Resposta:

Foi em 1982, eu acho. Fizemos um número especial só de humor, colocando textos de humor. Num dos aniversários do jornal a gente mudou, porque a gente tinha seções fixas. Na capa eram notícias importantes, sempre com um cartum do Moacir Torres. Nas páginas 2 e 3, era Ciranda Poética, onde a gente publicava poemas, de preferência curtos, de diversos autores que tinham mandado livros para a gente, ou textos inéditos. Nas páginas 4 e 5, que eram as centrais, o Moacir Torres fazia Notícias dos Quadrinhos. Ele publicava a divulgação de histórias em quadrinhos e qualquer coisa ligada a isso. Na página 6 era a minha coluna, onde eu publicava minicontos ou textos de humor e tinha uma pequena charge com a minha cara. Nas páginas 7 e 8 eram publicações recebidas. O pessoal mandava livros, jornais, revistas ou folhetos alternativos e a gente divulgava no Brasil todo e no mundo. Então, essa era a parte fixa do jornal em quase todo o decorrer da publicação. De vez em quando a gente fazia um especial. Teve um número em que a gente não colocou esse esquema e colocamos coisas bem variadas.

 

Pergunta: De onde surgiu essa vontade de publicar um jornal alternativo?

 

Resposta:

Eu sempre fui amigo e participante da imprensa alternativa em geral. Na época da ditadura militar você não podia colocar seus textos. Eu escrevo desde 1959 e na época da ditadura militar você não podia publicar seus textos. Meus textos, eu uso muito sátira e humor e você não podia publicar na grande imprensa, porque tinha o problema da censura. Então, a imprensa alternativa procurava fazer isso de uma maneira meio escondida. Eu participei muito da imprensa alternativa, publiquei muito. Eu queria ter meu próprio veículo, apesar de ter escolhido uma hora meio esquisita, porque comecei quando começou a abertura, que nem precisava ter algo alternativo, mas eu estava no caminho e podia dizer o que eu quisesse, mas eu tinha de divulgar autores que estavam no Brasil todo, jogados às baratas e que não podiam chegar à grande imprensa. Vamos divulgar essas pessoas. Pensei nesse sentido, não só para fazer sátira política.

 

Pergunta: Você começou em 1977?

 

Resposta:

O jornal começou em 1979.

 

Pergunta: Mesmo sendo esse período de abertura, vocês percebiam ainda alguns problemas com censura?

 

Resposta:

O jornal e a editora Taturana não eram uma editora. Não tinha capital, não tinha CGC, não era uma forma constituída, então podia ter problemas com Prefeitura e impostos. A gente colocava que a gente era uma editora, mas na verdade a gente não tinha gráfica própria. Então, uma vez apareceu o IBGE em casa e a gente não sabia muito bem o que eles queriam, se estavam espionando. Era só para fazer a estatística dos jornais que existiam na região. E foi engraçado, não me lembro em que ano foi, mas os dois jornais que tinham em Santo André naquele ano eram O Diário do Grande ABC e o jornal A Taturana. Não tinha mais nenhum outro jornal em Santo André. E todo ano o IBGE ia lá em casa e fazia a pesquisa. Mas problema de censura nós nunca tivemos. A gente teve problemas de pessoas que criticavam o jornal. Uma das críticas foi porque a gente escolhia sempre os poemas menores para a Ciranda Poética. Eles falavam que não era pela qualidade, e sim porque são pequenos. Mas a gente não tinha espaço para colocar textos grandes e a gente dava preferência aos pequenos. Se o camarada mandasse um livro que tinha poemas grandes, eu divulgava que tinha recebido, dava um comentário de uma linha, mas não publicava o poema dele. A gente realmente escolhia pelo tamanho. O pessoal falava que o jornal não tinha a parte crítica. E a crítica dos livros que você recebe? Se eu fosse fazer crítica, ia precisar de um jornal maior. A gente recebia esse tipo de críticas idiotas, mas nada de mais.

 

Pergunta: Teve algum episódio marcante durante o período de circulação do jornal?

 

Resposta:

Uma coisa pitoresca? Aconteceram vários, mas no momento não me ocorre nenhum. Algumas vezes eu pegava o jornal e ia vender no Centro Cultural São Paulo para arrecadar fundos para fazer um novo número quando a gente estava ruim, e a gente encontrava pessoas que estranhavam o título do jornal, às vezes estranhavam o que a gente publicava. Às vezes a gente colocava uma coisa meio desaforada. Eles achavam que era esquisito. O nosso jornal era considerado muito esquisito na época. As pessoas falavam que o jornal não tinha palavras cruzadas, não tinha coluna social, notícias de compra de cavalos, que jornal é esse? O pessoal achava o jornal esquisito. Você falava Jornal da Taturana e eles não achavam que era um jornal, não entendiam o que era.

 

Pergunta: O jornal participou de algum concurso cultural?

 

Resposta:
Não. Nós recebemos uma carta do Centro de Cultura do Rio de Janeiro para participar de um encontro de publicações alternativas, que ia ser no Rio de Janeiro, na Rua das Laranjeiras. Esse Centro de Cultura Alternativa era ligado, de uma forma indireta, com a Biblioteca Nacional. Eu fui a esse congresso e fiquei conhecendo um monte de gente do Brasil todo e eles me pediram, lá talvez vocês encontrem quase que a coleção toda, porque eu mandava muito para a Biblioteca Nacional e mandei para o Centro de Cultura Alternativa. Não sei se esse centro está funcionando ainda, mas lá vocês vão encontrar publicações alternativas do Brasil todo, quase que desde o primeiro número. Acabaram se tornando quase que raridades isso tudo. Convidaram a gente a ir lá e uma escritora e que vocês entrevistaram aqui, Dalila Teles Veras, escritora da região, foi convidada a ir à UNESCO falar sobre publicações culturais brasileiras e ela levou o jornal e falou do Jornal da Taturana também. A gente tinha uma repercussão muito boa com um jornalzinho tão pequeno. Mas de ganhar prêmios, concorrer, não.

 

Pergunta: O jornal tinha uma seção de quadrinhos. Tinha personagens fixos ou dependia das participações?

 

Resposta:

Dependia do contexto da situação. De vez em quando o Moacir Torres colocava os personagens dele, Gabi e tudo mais. Aquele rapaz que fazia para o Diário, o Huguinho, colaborava. O Márcio, que é um cartunista conhecido que agora fez vários livros de histórias em quadrinhos. Era bem variado. Mesmo os personagens do Moacir, ele procurava variar os cartuns.

 

Pergunta: Você tem os exemplares desse jornal?

 

Resposta:

Tenho todos para mim. Tenho números soltos e deixei alguns com vocês. Teve uma época que a gente teve de fazer uma reforma na minha casa e estava acumulando muito, tinha muito, porque a gente fazia três mil exemplares e às vezes tinha sobras. Eu, claro que guardei uma coisinha, mas teve uma época que tive de passar para frente. Pegava bolos de jornal e entregava a associações, escolas, a pessoas. Então, eu acabei distribuindo quase todas as edições, tirando um pouco que guardei. Agora preciso montar de novo essas coleções que estão soltas. Mas tenho, para mim, do número 1 até 64. A Biblioteca Nacional deve ter e o Centro de Cultura Alternativa também.

 

Pergunta: Você pode detalhar como era a diagramação do jornal?

 

Resposta:

O Moacir ia a Studio Press ou na Multi Press, sempre confundo as duas, e eles imprimiam em tirinhas e o Moacir Torres colocava numa cartolina as tiras impressas e levava para corrigir. Eu corrigia e se tivesse algum erro ele cortava com a tesoura aquela linha e colocava por cima. Era bem artesanal. Por isso que deixei de fazer o jornal depois, porque eu não conseguia fazer com a habilidade que o Moacir tinha. Ele compunha em cima as tirinhas e ajeitava de uma maneira artesanal.

 

Pergunta: Seu trabalho era na máquina?

 

Resposta:

Eu era o redator e ele era o artista gráfico. Ele colocava as ilustrações. Às vezes a gente colocava fotografias, mas a gente dava preferência aos desenhos que ele fazia.

 

Pergunta: Via o que ficava melhor?

 

Resposta:

O que saía melhor. A gente tem fotos que saíam escuras. Se tivesse computador, seria mais fácil.

 

Pergunta: Havia problemas entre você e o Moacir na hora de fazer as matérias?

 

Resposta:

Na verdade a gente se respeitava um ao outro. Cada um tinha uma cabeça totalmente diferente. O Moacir Torres mexia com a parte de quadrinhos e ele não se preocupava com a parte literária e eu não me metia na parte dele. A gente nunca brigou porque cada um respeita a parte do outro.

 

Pergunta: Qual era a profissão do Moacir Torres?

 

Resposta:

Ele era desenhista. Aquela fábrica de brinquedos Gulliver, o Moacir trabalhou nessa fábrica. Ele desenhava as caixas aonde vinham os brinquedos. Ele fazia várias coisas em fábrica de brinquedos. Depois ele fazia ilustrações. Ele era artista gráfico e ele ganhava, fazia revistinhas para criança colorir, que faz até hoje. Hoje ele é considerado o rei das revistinhas para criança colorir. Não tem uma banca de revistas, no Brasil todo, onde você não encontra as revistinhas. Ele trabalha com a Editora Escala que tem uma penetração violenta em banca de revista. Eu tive uma prova disso porque fui, alguns anos atrás, a um colégio de escritores em Nova Prata, no Rio Grande do Sul, onde, se você andasse três quarteirões você estava no Uruguai. Cheguei lá na fronteira do Uruguai e no lado do Brasil, nas bancas, tinha revistinha dele. Se você entrasse no Uruguai também tinha. É outro país, é encostado, mas tinha. Às vezes vou viajar com a minha esposa, a gente pega o carro e viajamos por Minas Gerais, ou interior de São Paulo, em qualquer cidadezinha do interior, você olha na banca e tem a revistinha. Naquela época ele já ganhava a vida com isso. Ele fazia cartazes de propaganda. Ele ganhava como desenhista. Hoje em dia ele mora em Indaiatuba e se dedica a isso.

 

Pergunta: Quando ele mudou para lá?

 

Resposta:

O Moacir Torres já era casado e morava em Santo André. Ele não se deu bem com a primeira esposa e eles se separaram. Foi mais ou menos perto de 1993. Aí ele arrumou outra esposa, que era viúva e tinha uma filha, ele se casou com ela e eles acabaram comprando uma casa em Indaiatuba, no interior do Estado, porque o pai dele tinha um terreno e eles foram construir uma casa lá, alguma coisa assim. E com a ida dele para lá, em 1993, e com o falecimento do meu pai, que era o grande incentivador do jornal, eu fiquei muito abalado com as duas coisas e acabei fechando o jornal porque o Moacir que era o crânio para montar o jornal, fazer a composição, diagramação, fazia as artes gráficas. E ele também tinha contato com as gráficas que faziam. Eu era somente o redator. Eu não vou fazer isso tudo que não sei, ficar me metendo. Eu estava muito abalado com a morte do meu pai, minha mãe tinha morrido antes. Eu não estava legal para continuar o jornal e acabei fechando o jornal, não por problemas financeiros, mas por falta de coragem de tocar o jornal sozinho.

 

Pergunta: Você chegou a conversar com o Moacir Torres depois disso?

 

Resposta:

Antes de ele ir embora, ele falou que o Magalhães, que era amigo dele, que fazia quadrinhos, porque o Moacir arrumou um grupo de jovens quadrinistas, que se chamava Tempo Livre Quadrinhos, que foi uma das últimas publicações da Taturana, tinha o Magalhães, que morava em São Mateus, ele falou para eu procurar essa pessoa, também o X Kid, que é um desenhista da região. O X Kid era do tempo livre. Ele faz caricaturas. Ele vai ao McDonald's e faz caricaturas do pessoal que está comendo. Ele falou que esses dois podiam continuar fazendo o jornal comigo. Com o X Kid não deu certo e o Magalhães é um cara meio devagar, meio preguiçoso. Eu tinha de ir lá em São Mateus levar as coisas. Ele não tinha o dinamismo que o Moacir Torres tinha. Eu falei que ia largar mão. Eu queria continuar com a Editora Taturana, mas não com o jornal. Eu não fechei a editora. Continuei a publicar trabalhos pela Taturana.

 

Pergunta: Quando foi o último número?

 

Resposta:

Foi o número 64. Foi o número que a gente fez sem saber que seria o último número. Quando estávamos no jornal, a gente não sabia o que ia acontecer. O Moacir Torres resolveu sair, se mudar para lá, depois que o jornal já tinha saído. A Editora Taturana continua. Eu publico livros de amigos, a gente ainda usa a marca Taturana, mas não é a mesma coisa que a gente fazia antigamente, que era uma coisa dinâmica.

 

Pergunta: (Inaudível)

 

Resposta:

Desde a década de 60 que eu publico em meios alternativos. Na época da ditadura militar e mesmo depois continuei a publicar em vários meios alternativos. E hoje em dia, se você olhar na minha casa, tenho vários exemplares de alternativos, tenho quase que um quarto da minha casa cheio de jornais, revistas, folhetos e livros de alternativos do Brasil inteiro. Eu sei quase tudo que foi feito. Vou dar um exemplo de estrangeiro. Existe na Espanha o melhor alternativo da Espanha que se chama Manxa, que é da terra do D. Quixote. Esse alternativo. Eu saí várias vezes na Espanha traduzido. Na Colômbia eu saí em um alternativo chamado Kanora. Aqui no Brasil o Delira, que é de Minas Gerais, é muito bem feito e tem até hoje. Saí no Correio das Artes, da Paraíba, que fechou no ano passado. Eu sei que se você pegar a Biblioteca Nacional, eles publicaram o Guia dos Alternativos, que foi feito pela Leila Lícolis, que a gente ajudou a lançar na Taturana, e ela fez uma pesquisa com quase 400 alternativos que foram feitos desde 1970 a 1990, 20 anos de alternativos. E lá tem A Taturana e muitos outros alternativos; são raros alternativos que não tenho. Geralmente eram de poesias, de contos, de humor. E mais ou menos de dez anos para cá estou percebendo que está sumindo o alternativo impresso e está indo para a internet. Muitos não estão saindo mais em papel e você encontra eletronicamente. Não morreu o alternativo.

 

Pergunta: Essas produções eram de poemas?

 

Resposta:

Geralmente poemas. Essa Terezica conseguiu que meu trabalho fosse muito divulgado nos Estados Unidos, muitos textos meus que saíram nos Estados Unidos eram traduzidos, alguns saíram em português também, conforme a universidade que usava. Na Espanha foi traduzido, na França foi traduzido. Na América Latina toda saiu. Eu consegui todas essas traduções dos meus textos graças ao Jornal da Taturana, porque a gente ia para o mundo todo e os textos da gente o pessoal gostava e arrumavam alguém para traduzir. Enquanto durou o jornal, tive divulgação do meu trabalho não só pelo jornal, mas também dos meus textos mundialmente. Às vezes saíam antologias no estrangeiro graças a isso.

 

Pergunta: Terminado o jornal, você e o Moacir fizeram outra parceria?

 

Resposta:

Quando o jornal fechou, o Moacir foi para o interior e eu nunca mais trabalhei com ele. Novamente participei de uma publicação, como um dos editores, quando houve a revista Livre Espaço. Eu era um dos editores. Eram várias pessoas responsáveis pela revista. Depois nunca mais. Mas enquanto o Jornal da Taturana durou, a Editora Taturana não tinha só o jornal. A gente fazia outras publicações. Uma publicação, que não tem muito a ver comigo, mas que tinha muito a ver com o Moacir Torres, porque eu sou de Bauru e o Moacir é de Agudos, uma cidade encostada, nós dois viemos do interior e nós dois gostávamos de música sertaneja. Então, a gente editava o Jornal do Rancho, que era um jornal de música sertaneja. Mas isso vinha mais da parte do Moacir Torres. Ele tinha um irmão que era produtor de música sertaneja e ele tinha muito contato, através do irmão dele, com o pessoal da música sertaneja e a gente fazia esse jornal, que saiu sempre pela Editora Taturana por cinco anos. Gabi e Seus Amigos que era uma revistinha do Moacir Torres, e saía de vez em quando. O Tempo Livre de Quadrinhos também. O Moacir Torres criou o personagem do Gabi e publicou um livrinho com histórias minhas e ilustrações do personagem. Eu mesmo publiquei um livro infantil chamado Gabi e o Zoológico, tudo isso pela Taturana.

 

Pergunta: E você participou da Tribuna Popular?

 

Resposta:

Sim. Na Tribuna Popular eu era o bobo da corte, era o humorista da turma. Todo mundo escrevendo aquelas colunas sérias, a Dalila, o Tarso, o Possidônio, o Teles, falando de política, de literatura, de crítica literária, e eu fazia as palhaçadas da turma. Escrevia Os Aforismos de Bolso, que eram frases cômicas satirizando tudo que existia. Apesar de o editor do jornal, o Adriano Figueirinha, também colocar na última página as piadas dele. Escrevi até o jornal fechar. Eu gostava tanto de fazer que acabei publicando três volumes, em forma de livro, tudo que eu fiz lá. Era Os Aforismos de Bolso, Pastilhas de Cianureto e Armazém de Inanes.

 

Pergunta: Para terminar, você pode declamar uma poesia sua?

 

Resposta:

Tudo bem. Pode ser cômica? "Se o cágado falasse, diria todo momento: nunca se esqueçam, amigos, de me colocar o acento." Vou falar uma chamada Maria: "A virgindade era a única riqueza de Maria, e o Bento levou." Eu agradeço muito a participação neste tema e espero que tenha servido de subsídio para vocês. Obrigado.



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